“Ide,
pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não
sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores”.
Mateus 9.13.
OBJETIVO.
Venho
tratar neste sermão sobre a relevância de ser e portar-se como um
cristão pós-contemporâneo sem omitir os aspectos fundamentais do
Evangelho e da fé cristã.
INTRODUÇÃO.
O
argumento de nosso sermão parte da seguinte premissa: “Como
podemos ser cristãos em pleno século XXI e darmos um testemunho que
seja eficaz e relevante para sociedade?”
A
humanidade tem passado por importantes transformações no decorrer
dos tempos, principalmente na virada deste século conforme profecia
de Daniel 12.4.
Tu,
porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do
tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se
multiplicará. Dan 12.4
A tecnologia e a ciência evoluíram de
forma muito rápida, as quais fazem com que o mundo e suas interações
se tornem intensas, ansiosas
e globalizadas.
Entretanto, nós pertencemos a essas
gerações de transição, nas quais muitas pessoas e instituições
se sentem deslocadas porque não conseguem acompanhar os avanços e
transformações da atualidade.
Pais se sentem deslocados em relação
a seus filhos, anciãos perderam contato em relação aos jovens,
profissionais tornam-se obsoletos em sua própria área de trabalho,
empresas perdem espaço em meio a competição acirrada do mercado,
bem como, a igreja perde comunicação em relação às presentes e
vindouras gerações.
Sendo assim despertamos em nós o
desejo de reavaliar certas práticas e fazer uma leitura atualizada
dos conceitos de nossa “cosmovisão”
dentro dos parâmetros da vida cristã sem perder a essência e os
fundamentos da autêntica fé bíblica no mundo pós-contemporâneo.
ANÁLISE.
Ora, na verdade,
o mundo sempre passou por transformações que causavam conflitos
entre gerações; isso não deveria ser novidade; até na época de
Jesus a sociedade passava por transformações inovadoras, contudo há
de ressaltar que nunca as transformações foram tão abruptas como
agora.
Porém,
devemos observar o posicionamento de Jesus ante essas transformações
e aprender com Ele a fim de que tenhamos um evangelho
contextualizado.
Pois, certos
comportamentos e tendências podem mudar, mas a essência e mensagem
do Evangelho permanecem as
mesmas.
Observe os seguintes versículos:
Ora,
estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e
pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus
discípulos. E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos:
Por
que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os
sãos, mas sim os enfermos. Ide,
pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não
sacrifícios.
Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores. Então vieram ter
com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e
os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?
Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às
núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em
que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar. Ninguém põe
remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira
parte do vestido, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em
odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os
odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim
ambos se conservam. Mt.9.10-17.
Naquele
tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus
discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer.
Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos
estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado. Ele, porém,
lhes disse: Acaso
não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus
companheiros?
Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da
proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus
companheiros, mas somente aos sacerdotes? Ou não lestes na lei que,
aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem
culpa? Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o
templo. Mas,
se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não
sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.
Mt.12.1-7.
Penso que, Jesus
ao
citar em ambos episódios acima sobre
o
livro
de Oséias 6.6; Ele
queria muito mais do que dar fundamentação bíblica ou justificar
seu procedimento, mas trazer um novo entendimento que serve como
“princípio
de coerência”
e interação moral nos comportamentos éticos e cristãos.
Observemos o
texto original extraído das mensagens proféticas de Oséias:
Conheçamos,
e prossigamos em conhecer ao Senhor;
a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva,
como a chuva serôdia que rega a terra. Que te farei, ó Efraim? que
te farei, ó Judá? porque o vosso amor é como a nuvem da manhã, e
como o orvalho que cedo passa. Por isso os abati pelos profetas; pela
palavra da minha boca os matei; e os meus juízos a teu respeito
sairão como a luz. Pois
misericórdia quero, e não sacrifícios; e o conhecimento de Deus,
mais do que os holocaustos.
Os.6.3-6.
Nesses
versículos, O
profeta Oséias
aborda certos aspectos dos comportamentos de religiosidade (visto
aqui como orvalho passageiro) em contraste ao verdadeiro tema da
questão, isto é: “Conhecimento
de Deus de forma progressiva que se intensifica tal qual a ilustração
da alva que traz luz e revelação; de
mesma forma, a
ilustração da última chuva que proporciona refrigério e
maturidade, o
qual
leva a um comportamento misericordioso e não ritual”.
Dessa forma, com essa proposição
podemos compreender melhor aquilo que Jesus referia nos respectivos
episódios.
Dentro do conceito de Jesus sobre o
conhecimento de Deus, sua misericórdia e amor pelas vidas humanas,
tais gestos de misericórdia
e compaixão em busca dos necessitados suplantam todos os gestos
rituais de religiosidade.
Corrobora também esse argumento em
relação ao posicionamento de Jesus por textos como: A parábola do
Bom Samaritano em Lc.10.27-37, confirmado por Isaías 58.2-12. E
seguidas referências e afirmações de Is. 29.13.
Por
isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a
sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe
de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em
mandamentos de homens, aprendidos de cor; Is. 29.13.
Perguntaram-lhe,
pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus
discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com
as mãos por lavar? Respondeu-lhes:
Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está
escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém,
está longe de mim; mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que
são preceitos de homens.
Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos
homens. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus,
para guardardes a vossa tradição. Mc. 7.5-9.
Ora, o que podemos extrair dos
ensinamentos de Jesus sobre esse tema é que na maioria dos casos, o
conhecimento de Deus e sua misericórdia produz compaixão que leva a
reconciliação; contudo os conhecimentos sobre religiosidade produz
discriminação que proporciona a condenação e o juízo que afastam
as pessoas de Deus.
Porque
o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de
misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo. Tg. 2.13
Sendo assim concluímos o pensamento
que o conhecimento de Deus deve ser inclusivo e restaurador, ao
contrário dos atos de religiosidade que segregam as pessoas de Deus.
Quem
dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento
as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amargo ciúme
e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem
mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto,
mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há ciúme e
sentimento faccioso, aí há confusão e toda obra má. Mas
a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica,
moderada, tratável, cheia de misericórdia e
de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Tg. 3.13-17.
APLICAÇÃO.
Desta forma, em nosso comportamento,
nós
devemos reavaliar tudo aquilo que pode afastar as pessoas de Deus e
impedi-las de alcançar o Evangelho. Tais
procedimentos necessitam de uma reforma tanto no setor clérigo, como
na igreja e na atitude dos membros em relação a si mesmos e aos
perdidos.
-
A Inovação deve começar pelos sacerdotes: mudança de perfil (informal, descontraído, acessível), vestimenta contemporânea, adepto a tecnologia, interação na abordagem social, contextualizado as necessidades do povo.
O
meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.
Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para
que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da
lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Os. 4.6.
1
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como
eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante
da glória que há de ser revelada: 2 pastoreai o rebanho de Deus
que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente,
como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; 3
nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos
modelos do rebanho. 4 Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar,
recebereis a imarcescível coroa da glória. 1 Pe.5.1-4.
-
Aplica-se na abordagem eclesial e sua dinâmica de interação e crescimento: A igreja tem acompanhado algumas transformações e tendências sociais, todavia, parece não haver uma avaliação precisa sobre quais fenômenos sociais ela deve seguir ou não; assim ela adota tanto bons padrões quanto ruins.
na
esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Romanos
8:21
Ora,
o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade. 2 Coríntios 3:17
O
que é bom: Ao
mesmo tempo que a igreja inovou no tocante a adoração com uma
musicalidade contemporânea, bem como suas abordagens na cura
interior, batalha espiritual, critérios de excelência, qualidade no
serviço
e estratégias de crescimento tornando-se compatível as realidades
cotidianas.
O
que é ruim:
Da
mesma forma, ela absorve certas influências sociais que causam
prejuízo ao bem-estar do próprio membro como: permissividade
mundana, uma postura de sexualidade liberal e o anarquismo da fé
(cabe
aqui uma observação pessoal).
Porque
vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da
liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos
outros, pelo amor. Gálatas 5.13.
Vede,
porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser
tropeço para os fracos. 1 Coríntios 8.9.
Bem
como, prejuízo
para
própria igreja por meio da implementação de sistemas de aplicação
tecnicista ou estratégias de crescimento mediante: pragmatismo,
números, resultados, estética, exigência e mais valia
extraordinária (Is.58.3). Cujos sistemas nos escrúpulos
seculares
subjugam os filhos de Deus a escravos de metas e programas no afã da
liderança ostentar suas vaidades e caprichos ou sustentar suas
inseguranças pessoais e finanças através de uma igreja de
supraestrutura
erigida em “nome do crescimento do reino”.
Para
a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e
não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5.1.
Tal
qual a igreja, assim a sociedade de uma forma geral caminha para o
pragmatismo e sua atribuição de valores cuja ênfase enaltece ao
materialismo, ao consumo,
os resultados e a estética sem indagar
a real importância ou relevância disso ante valores maiores como a
vida, a peculiaridade e relacionamento interpessoal.
A
imposição desse sistema frio e técnico suprime a riqueza dos
sentimentos humanos, toli a liberdade de expressão e sua
espontaneidade. O qual sufoca anseios e sentimentos daqueles que são
absorvidos a um sistema. Tal situação desencadeia no medo de sermos
enquadrados nisso e assim perdermos nossa identidade, ou nosso valor
como indivíduo ou peculiaridade única criada por Deus.
A
suma desse tópico é que a igreja deve avaliar bem a implementação
ou dinâmica dos procedimentos para não corroer com aquilo pelo qual
ela mesma foi chamada e estabelecer comportamentos válidos para seu
propósito integral.
-
Deve se instruir o povo em uma nova abordagem evangelística: O Reino de Deus é estabelecido na maturidade de consciência através do amor e alegria contagiante não sob jugo de religiosidade; isto é: Você não deve fazer as coisas porque o pastor manda ou sua religião proíbe, mas porque você tem consciência da vontade de Deus e por amor quer fazer o que lhe agrada.
Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos
outros. Jo.13.35.
Todas
as vossas obras sejam feitas em amor. 1 Co.16.14.
Pois,
se pela tua comida se entristece teu irmão, já não andas segundo o
amor. Não faças perecer por causa da tua comida aquele por quem
Cristo morreu. Rm.14.15.
Repare
que segundo a teologia de João, guardar os mandamentos não é algo
impositivo ou imperativo, mas observância de “uma
prática de amor”
quer os tornam agradáveis, leves e acessíveis.
Nisto
conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos
os seus mandamentos. Porque
este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus
mandamentos não são penosos; 1 Jo. 5.2,3.
O
Evangelho em sua essência significa “boa notícia” e não
notícia de condenação. As pessoas devem aceitar o evangelho por
amor a Deus e por reconhecimento de sua bondade e não pelo medo do
tormento que a virá anunciado pela condenação da religiosidade
segregadora.
Todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me
são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1
Coríntios 6.12.
Todas
as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas,
mas nem todas edificam. 1 Coríntios 10.23.
CONCLUSÃO.
Logo,
cabe a nós, nessa época, fazermos uma retrospectiva e avaliarmos
nosso comportamento para saber se temos sido religiosos ou autênticos
cristãos que promovem um amoroso evangelho contextualizado as
necessidades desta presente geração.
APELO.
Quantos
querem aceitar a Jesus como Senhor e Salvador?
Quantos
querem se propor a anunciar um evangelho contextualizado sem jugos de
religiosidade?