21 de dez. de 2014

SER CRISTÃO NO SÉCULO XXI

 “Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores”. Mateus 9.13.
OBJETIVO.
Venho tratar neste sermão sobre a relevância de ser e portar-se como um cristão pós-contemporâneo sem omitir os aspectos fundamentais do Evangelho e da fé cristã.
INTRODUÇÃO.
O argumento de nosso sermão parte da seguinte premissa: “Como podemos ser cristãos em pleno século XXI e darmos um testemunho que seja eficaz e relevante para sociedade?”
A humanidade tem passado por importantes transformações no decorrer dos tempos, principalmente na virada deste século conforme profecia de Daniel 12.4.
Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará. Dan 12.4
A tecnologia e a ciência evoluíram de forma muito rápida, as quais fazem com que o mundo e suas interações se tornem intensas, ansiosas e globalizadas.
Entretanto, nós pertencemos a essas gerações de transição, nas quais muitas pessoas e instituições se sentem deslocadas porque não conseguem acompanhar os avanços e transformações da atualidade.
Pais se sentem deslocados em relação a seus filhos, anciãos perderam contato em relação aos jovens, profissionais tornam-se obsoletos em sua própria área de trabalho, empresas perdem espaço em meio a competição acirrada do mercado, bem como, a igreja perde comunicação em relação às presentes e vindouras gerações.
Sendo assim despertamos em nós o desejo de reavaliar certas práticas e fazer uma leitura atualizada dos conceitos de nossa “cosmovisão” dentro dos parâmetros da vida cristã sem perder a essência e os fundamentos da autêntica fé bíblica no mundo pós-contemporâneo.
ANÁLISE.
Ora, na verdade, o mundo sempre passou por transformações que causavam conflitos entre gerações; isso não deveria ser novidade; até na época de Jesus a sociedade passava por transformações inovadoras, contudo há de ressaltar que nunca as transformações foram tão abruptas como agora.
Porém, devemos observar o posicionamento de Jesus ante essas transformações e aprender com Ele a fim de que tenhamos um evangelho contextualizado.
Pois, certos comportamentos e tendências podem mudar, mas a essência e mensagem do Evangelho permanecem as mesmas. Observe os seguintes versículos:
Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores. Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar. Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. Mt.9.10-17.
Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer. Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado. Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros? Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes? Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes. Mt.12.1-7.
Penso que, Jesus ao citar em ambos episódios acima sobre o livro de Oséias 6.6; Ele queria muito mais do que dar fundamentação bíblica ou justificar seu procedimento, mas trazer um novo entendimento que serve como “princípio de coerência” e interação moral nos comportamentos éticos e cristãos.
Observemos o texto original extraído das mensagens proféticas de Oséias:
Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra. Que te farei, ó Efraim? que te farei, ó Judá? porque o vosso amor é como a nuvem da manhã, e como o orvalho que cedo passa. Por isso os abati pelos profetas; pela palavra da minha boca os matei; e os meus juízos a teu respeito sairão como a luz. Pois misericórdia quero, e não sacrifícios; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos. Os.6.3-6.
Nesses versículos, O profeta Oséias aborda certos aspectos dos comportamentos de religiosidade (visto aqui como orvalho passageiro) em contraste ao verdadeiro tema da questão, isto é: “Conhecimento de Deus de forma progressiva que se intensifica tal qual a ilustração da alva que traz luz e revelação; de mesma forma, a ilustração da última chuva que proporciona refrigério e maturidade, o qual leva a um comportamento misericordioso e não ritual”.
Dessa forma, com essa proposição podemos compreender melhor aquilo que Jesus referia nos respectivos episódios.
Dentro do conceito de Jesus sobre o conhecimento de Deus, sua misericórdia e amor pelas vidas humanas, tais gestos de misericórdia e compaixão em busca dos necessitados suplantam todos os gestos rituais de religiosidade.
Corrobora também esse argumento em relação ao posicionamento de Jesus por textos como: A parábola do Bom Samaritano em Lc.10.27-37, confirmado por Isaías 58.2-12. E seguidas referências e afirmações de Is. 29.13.
Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor; Is. 29.13.
Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar? Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição. Mc. 7.5-9.
Ora, o que podemos extrair dos ensinamentos de Jesus sobre esse tema é que na maioria dos casos, o conhecimento de Deus e sua misericórdia produz compaixão que leva a reconciliação; contudo os conhecimentos sobre religiosidade produz discriminação que proporciona a condenação e o juízo que afastam as pessoas de Deus.
Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo. Tg. 2.13
Sendo assim concluímos o pensamento que o conhecimento de Deus deve ser inclusivo e restaurador, ao contrário dos atos de religiosidade que segregam as pessoas de Deus.
Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há ciúme e sentimento faccioso, aí há confusão e toda obra má. Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Tg. 3.13-17.
APLICAÇÃO.
Desta forma, em nosso comportamento, nós devemos reavaliar tudo aquilo que pode afastar as pessoas de Deus e impedi-las de alcançar o Evangelho. Tais procedimentos necessitam de uma reforma tanto no setor clérigo, como na igreja e na atitude dos membros em relação a si mesmos e aos perdidos.
  • A Inovação deve começar pelos sacerdotes: mudança de perfil (informal, descontraído, acessível), vestimenta contemporânea, adepto a tecnologia, interação na abordagem social, contextualizado as necessidades do povo.
O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Os. 4.6.
1 Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: 2 pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; 3 nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. 4 Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória. 1 Pe.5.1-4.
  • Aplica-se na abordagem eclesial e sua dinâmica de interação e crescimento: A igreja tem acompanhado algumas transformações e tendências sociais, todavia, parece não haver uma avaliação precisa sobre quais fenômenos sociais ela deve seguir ou não; assim ela adota tanto bons padrões quanto ruins.
na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Romanos 8:21
Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. 2 Coríntios 3:17
O que é bom: Ao mesmo tempo que a igreja inovou no tocante a adoração com uma musicalidade contemporânea, bem como suas abordagens na cura interior, batalha espiritual, critérios de excelência, qualidade no serviço e estratégias de crescimento tornando-se compatível as realidades cotidianas.
O que é ruim: Da mesma forma, ela absorve certas influências sociais que causam prejuízo ao bem-estar do próprio membro como: permissividade mundana, uma postura de sexualidade liberal e o anarquismo da fé (cabe aqui uma observação pessoal).
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Gálatas 5.13.
Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos. 1 Coríntios 8.9.
Bem como, prejuízo para própria igreja por meio da implementação de sistemas de aplicação tecnicista ou estratégias de crescimento mediante: pragmatismo, números, resultados, estética, exigência e mais valia extraordinária (Is.58.3). Cujos sistemas nos escrúpulos seculares subjugam os filhos de Deus a escravos de metas e programas no afã da liderança ostentar suas vaidades e caprichos ou sustentar suas inseguranças pessoais e finanças através de uma igreja de supraestrutura erigida em “nome do crescimento do reino”.
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5.1.
Tal qual a igreja, assim a sociedade de uma forma geral caminha para o pragmatismo e sua atribuição de valores cuja ênfase enaltece ao materialismo, ao consumo, os resultados e a estética sem indagar a real importância ou relevância disso ante valores maiores como a vida, a peculiaridade e relacionamento interpessoal.
A imposição desse sistema frio e técnico suprime a riqueza dos sentimentos humanos, toli a liberdade de expressão e sua espontaneidade. O qual sufoca anseios e sentimentos daqueles que são absorvidos a um sistema. Tal situação desencadeia no medo de sermos enquadrados nisso e assim perdermos nossa identidade, ou nosso valor como indivíduo ou peculiaridade única criada por Deus.
A suma desse tópico é que a igreja deve avaliar bem a implementação ou dinâmica dos procedimentos para não corroer com aquilo pelo qual ela mesma foi chamada e estabelecer comportamentos válidos para seu propósito integral.
  • Deve se instruir o povo em uma nova abordagem evangelística: O Reino de Deus é estabelecido na maturidade de consciência através do amor e alegria contagiante não sob jugo de religiosidade; isto é: Você não deve fazer as coisas porque o pastor manda ou sua religião proíbe, mas porque você tem consciência da vontade de Deus e por amor quer fazer o que lhe agrada.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Jo.13.35.
Todas as vossas obras sejam feitas em amor. 1 Co.16.14.
Pois, se pela tua comida se entristece teu irmão, já não andas segundo o amor. Não faças perecer por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Rm.14.15.
Repare que segundo a teologia de João, guardar os mandamentos não é algo impositivo ou imperativo, mas observância de “uma prática de amor” quer os tornam agradáveis, leves e acessíveis.
Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos; 1 Jo. 5.2,3.
O Evangelho em sua essência significa “boa notícia” e não notícia de condenação. As pessoas devem aceitar o evangelho por amor a Deus e por reconhecimento de sua bondade e não pelo medo do tormento que a virá anunciado pela condenação da religiosidade segregadora.
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1 Coríntios 6.12.
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. 1 Coríntios 10.23.


CONCLUSÃO.
Logo, cabe a nós, nessa época, fazermos uma retrospectiva e avaliarmos nosso comportamento para saber se temos sido religiosos ou autênticos cristãos que promovem um amoroso evangelho contextualizado as necessidades desta presente geração.
APELO.
Quantos querem aceitar a Jesus como Senhor e Salvador?

Quantos querem se propor a anunciar um evangelho contextualizado sem jugos de religiosidade?