12
Então, mandou chamá-lo e fê-lo entrar. Era ele ruivo, de belos olhos e
boa aparência. Disse o SENHOR: Levanta-te e unge-o, pois este é ele. 13 Tomou Samuel o chifre do azeite e o ungiu no
meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do SENHOR se apossou
de Davi. Então, Samuel se levantou e foi para Ramá. 1 Sm.6.12,13.
OBJETIVO.
Este sermão trás uma proposta esclarecedora em
conduzir o ouvinte ou leitor a compreensão acerca do fenômeno e distinção que
há entre unção e graça. Pois com esta compreensão, tal será instrumento útil tanto
para orientação quanto sua ativação de destino!
INTRODUÇÃO.
Devemos
levar em consideração que, nos dias atuais existe uma leve diferença sobre o
que usualmente se utiliza como definição do termo “unção” daquilo que tanto os
profetas do Antigo Testamento quanto os apóstolos entendiam como sua definição
fundamentada nas Sagradas Escrituras.
14 Também
farás chegar seus filhos, e lhes vestirás as túnicas, 15 e os ungirás como ungiste seu pai, para que
me oficiem como sacerdotes; sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo durante
as suas gerações. Ex.40.14,15.
DEFINIÇÕES.
Tanto
os profetas quanto os apóstolos entendiam sobre o conceito unção como um meio
pelo qual “Deus designava pessoas para
servir no exercício ministerial”. Por isso reis, sacerdotes e profetas eram
ungidos.
Era
uma forma de indicação que determinada pessoa fora consagrada ao serviço
ministerial, evidente que nessa designação existia um habilitação para tal.
2 Eis que
chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá,
3 e o enchi do Espírito de Deus, de
habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício, Ex.31.2,3.
Contudo,
tal habilitação não demonstrava necessariamente uma forma nivelamento dentro
desta designação (como se fosse mais ou menos ungido em relação à outra pessoa).
Observe:
21 Mas
aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, 22 que também nos selou e nos deu o penhor do
Espírito em nosso coração. 2 Co.1.21,22.
À
medida que avançamos para o Novo testamento esse termo se amplia, quando começa
a aplicar unção com óleo com o propósito de curar enfermos e expulsar demônios.
13 expeliam
muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo. Mc.6.13
14
Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes
façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. 15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o
Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Tg.5.14,15.
“E
acontecerá, naquele dia, que a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu
jugo, do teu pescoço; e o jugo será despedaçado por causa da unção.” Isaías.10.27.
Desta
forma, o termo unção começa ter conotação de manifestação fluida da presença do
Espírito Santo.
1 O Espírito do SENHOR Deus está sobre
mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados,
enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos
cativos e a pôr em liberdade os algemados; Is.61.1.
38
como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o
qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do
diabo, porque Deus era com ele; At.10.38.
Além do que, nós temos ciência de que o próprio
Espírito Santo trás a unção que identifica sua presença.
E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes
conhecimento. 1 João 2:20
ANÁLISE E
CARACTERÍSTICAS.
Porém, existe algo que é usualmente
entendido de forma equivocada no meio evangélico e se tornou costume dogmático
quando se fala sobre unção, principalmente sobre nivelamento entre pessoas.
Somente
na atualidade é que procede a derivação do conceito "mais ungido" ou
"menos ungido" no critério de nivelamento da unção, a qual, passa ser
utilizada em larga escala na igreja.
Embora
haja uma única indicação sobre “mais unção” encontrada em Hebreus 1.9 em alusão
a Salmos 45, cujo contexto está ligado também a um fator chamado “graça”.
Amaste a justiça e odiaste a
iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a
nenhum dos teus companheiros. Hb.1.9.
2
Tu és o mais formoso dos filhos dos homens; nos teus lábios se
extravasou a graça; por isso, Deus te abençoou para sempre... 7 Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por
isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus
companheiros. Sl.45.2,7.
Todavia
tal citação não trata primariamente da questão acerca de nivelamento como “mais
ou menos capacitado”, e sim sobre a questão de retribuição divina com a infusão
de sua presença.
Mas,
desse tipo de interpretação venha ter conotação extra bíblica ou contextualizada
no tocante ao termo “unção” é que surgem diversas questões pautadas na igreja
na atualidade.
Contudo,
antes de nos precipitarmos em dar um parecer ou refutação do mesmo, cabe
ressaltar que no tocante as Escrituras, esse tipo de conotação e pensamento
acerca de nivelamento: "mais" ou "menos", e ainda a idéia
acerca de "capacitação para tal função” enquanto “outra pessoa tem
capacitação para outra função" teria muito maior correlação com o termo
bíblico GRAÇA.
CLASSIFICAÇÃO.
Observe em larga escala como os versículos sobre o
termo "GRAÇA" se identificam mais com esta conotação contextual, a
qual, as pessoas utilizam como termo "unção":
4 e foi
designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela
ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor, 5 por intermédio de quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a
obediência por fé, entre todos os gentios, 6
de cujo número sois também vós, chamados para serdes de Jesus Cristo. Rm.1.4-6.
10
Segundo a graça de Deus que me
foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica
sobre ele. Porém cada um veja como edifica. 1 Co.3.10.
Note que o princípio espiritual de receber ativação
ou liberação ministerial está relacionado ao termo graça, a qual nos habilita a
fazermos um serviço ministerial brilhante e atrativo.
3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada
um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com
moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um... 6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a
proporção da fé; Rm.12.3,6.
7 e a graça foi concedida a cada um de nós
segundo a proporção do dom de Cristo. Ef.4.7.
10 Servi uns
aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. 1 Pe.4.10.
Observe que é a graça
que capacita em Deus à diversidade e habilitação ministerial que é dada no
exercício do dom; assim, a graça é que abrilhanta e impressiona as pessoas a
fazer algo extraordinário em Deus.
Assim, cada um é
destacado para fazer algo peculiar e significativo para Deus que faz chamar a
atenção nesta variável gama e diversidade aplicada de muitas formas pela graça.
10
Mas, pela graça de Deus, sou
o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes,
trabalhei muito mais do que todos eles; todavia,
não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Co.15.10.
2 se é que
tendes ouvido a respeito da dispensação
da graça de Deus a mim confiada para vós outros;... 7 do qual fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a
força operante do seu poder... 8 A mim,
o menor de todos os santos, me foi dada
esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de
Cristo 9 e manifestar qual seja a
dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as
coisas, Ef.3.2,7-9.
Perceba que foi através da graça que
Paulo conseguiu exercer um nível de atividade extraordinário em relação a
outras pessoas, principalmente no tocante a sua fenomenal habilidade instrutiva
e literária (2 Pe.3.15,16) como também na capacidade de realizar milagres
extraordinário (At.19.11,12) e não porque o mesmo era mais ou menos ungido do
que outra pessoa.
9 e, quando conheceram a graça que me foi dada,
Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a mim e a
Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que nós fôssemos para os gentios, e
eles, para a circuncisão; 10
recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer. Gl.2.9,10.
Observe
que foi reconhecida a graça que estava sobre Paulo e que o fez se destacar
entre os renomados na igreja.
Dessa forma, onde se aplica o
critério da unção?
Como um ministro que acredito e
proclamo a respeito da unção afirmo que a UNÇÃO serve como elemento de ativação
da GRAÇA divina que manifesta o efeito do operar do Espírito Santo em nós e
através de nós (para não dizer: apesar de nós).
Assim, o poder do Espírito Santo é
manifesto através da unção. Pois, ela representa o poder divino, o qual é
manifesto em nosso espírito mediante a GRAÇA de Deus em nós. Desta forma, o
mérito não deve recair sobre a unção do indivíduo, mas na graça de Deus sobre
ele.
PASSOS PARA RECEBER A GRAÇA E UNÇÃO
É necessário
fé para recebê-la (Ef.2.8), humildade e dedicação para mantê-la e santidade
para preservá-la a fim de que recebamos tanto graça quanto unção.
8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie. Ef.2.8,9.
1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em
Cristo Jesus. 2 Tm.2.1.
9
Então, ele me disse: A minha
graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade,
pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de
Cristo. 2 Co.12.9.
5 Ou
supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o
Espírito, que ele fez habitar em nós? 6
Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Tg.4.6.
5 Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos
que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos
de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.1 Pe.5.5
Observe que
Deus dá graça no sentido de destaque e distinção ministerial para aqueles que
se humilham diante de sua presença. Pois, no tocante a esse ponto, a Glória do
Senhor não deve ser compartilhada com mais ninguém.
Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a
minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de
escultura. Is.42.8.
O que me faz
pensar que muitos que se utilizam da conotação acerca do nivelamento da unção, alguns
podem vir a fazer com o intuito de trazer mérito para si e não glória para
Deus.
APLICAÇÃO.
A questão problemática sobre a aplicação contextual sobre o
termo unção é que: Se viéssemos adotar esse conceito de nivelamento de unção;
então, a liberação e o mérito de poder poderiam ser dados pelo esforço humano e
não pelo mérito divino, observe:
Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto;
porque como seria profanado o meu nome? A
minha glória, não a dou a outrem. Isaías 48.11
6
E, se é pela graça, já não é
pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. Rm.11.6.
Contudo,
o aspecto da graça quando levada ao extremo pode gerar negligência de nossas
responsabilidades.
Todavia,
o fato de a capacitação ser pela graça, não nos isenta da responsabilidade de
buscarmos ainda mais em Deus a ponto de estarmos à altura de um nível de graça,
a qual, Deus quer liberar sobre nós.
Evidentemente
que quanto mais às pessoas se consagrarem mais elas serão usadas em Deus. Assim
devemos buscar o equilíbrio teológico em nossa compreensão.
CONCLUSÃO.
Dessa
forma, penso que essa questão UNÇÃO/GRAÇA se trata mais de um assunto de
semântica conceitual ou litúrgica do que um fenômeno acerca da fundamentação
bíblica.
Temos
a compreensão de que não
vamos mudar a forma usual de como a igreja trata este tema, até porque é
difícil alterar toda uma forma de nomenclatura, que iria a contrariedade de
muitas tradições, costumes dogmáticos e ambições pessoais. Tampouco
é nosso interesse de conseguir forçá-los a utilizar a definição e conotação
correta.
Não é meu propósito gerar contenda no
corpo de Cristo; mas se pudermos instruí-los no
conceito certo, então será melhor. Amém.
APELO.
Quantos querem receber mais graça e unção da parte de
Deus?