13 de nov. de 2016

CONFIANÇA EM DEUS

1 Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque o homem procura ferir-me; e me oprime pelejando todo o dia. 2 Os que me espreitam continuamente querem ferir-me; e são muitos os que atrevidamente me combatem. 3 Em me vindo o temor, hei de confiar em ti. 4 Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal? 5 Todo o dia torcem as minhas palavras; os seus pensamentos são todos contra mim para o mal. 6 Ajuntam-se, escondem-se, espionam os meus passos, como aguardando a hora de me darem cabo da vida. 7 Dá-lhes a retribuição segundo a sua iniqüidade. Derriba os povos, ó Deus, na tua ira!
8 Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro? 9 No dia em que eu te invocar, baterão em retirada os meus inimigos; bem sei isto: que Deus é por mim. 10 Em Deus, cuja palavra eu louvo, no SENHOR, cuja palavra eu louvo, 11 neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem? 12 Os votos que fiz, eu os manterei, ó Deus; render-te-ei ações de graças. 13 Pois da morte me livraste a alma, sim, livraste da queda os meus pés, para que eu ande na presença de Deus, na luz da vida.

OBJETIVO

    O objetivo desse sermão é através da experiência de Davi esclarecer como o medo pode afetar nosso comportamento e discernimento.
FUNDO HISTÓRICO
    Todo Salmo começa com termos indicativos, os quais, na tradução, são colocados como subtítulos indicativos acima do primeiro versículo; porém, na versão hebraica, tais são considerados como versículo primeiro.
Essas notas explicativas são muito importantes porque algumas descrevem certas informações acerca do fundo histórico do salmo em questão. Nesse sentido, essa nota indicativa é bastante relevante.
    Portanto o texto indicativo no Salmo 56 descreve assim: “Ao mestre do canto. Segundo a melodia “A pomba nós terebintos distantes”. Hino de Davi, quando os filisteus o prenderam em Gate.
    Ora, o que isso significa? E que relevância trará ao conhecimento do Salmo 56? Observe que “ao mestre do canto” representa uma indicação ao dirigente da adoração da forma como ele deveria adorar a Deus. A descrição da melodia “ A pomba nos terebintos distantes” trata além da forma de melodia ou estilo musical, um aspecto espiritual e emocional com o qual Davi se deparava naquela ocasião.
Desta forma, o texto indicativo é muito importante, pois revela que o sentimento de Davi expressava era de medo e desespero, tal qual, uma pomba que foge de uma situação tribulosa e busca refúgio num carvalho que está longe da área de perigo! A pomba relata as aspirações e sentimentos da alma do adorador. Observe como Davi retrata a si mesmo quando descreve suas emoções de forma pormenorizada no salmo anterior:
1 Dá ouvidos, ó Deus, à minha oração; não te escondas da minha súplica. 2 Atende-me e responde-me; sinto-me perplexo em minha queixa e ando perturbado, 3 por causa do clamor do inimigo e da opressão do ímpio; pois sobre mim lançam calamidade e furiosamente me hostilizam. 4 Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; 5 temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim. 6 Então, disse eu: quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso. 7 Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto. 8 Dar-me-ia pressa em abrigar-me do vendaval e da procela. Sl.55.1-8.
    No entanto, o terebinto distante representa uma forma peculiar de carvalho encontrado no Oriente Médio. Esse carvalho representa a segurança da divindade; por exemplo, foi embaixo de um carvalho que Deus apareceu a Abrão (Gn.18.1), é comum encontrarmos personagens bíblicos buscando refúgio em carvalho como ilustração de amparar sua fé e confiança em Deus, observe o exemplo de Abraão e seus carvalhos de Moré, em Siquém (Gn.12.6); e os carvalhais de Manre em Hebrom (Gn.13.18). Da mesma forma, Jacó se santificou desfazendo-se dos ídolos e colocando-os embaixo de um carvalho (Gn.35.4), bem como, sepultando seus mortos, tanto nos carvalhais de Manre, quanto nos carvalhais de Betel (Gn.23.17-19; Gn.35.8).
    Contudo, o fundo histórico mais importante é: “Hino de Davi, quando os filisteus o prenderam em Gate”. Porque isso remonta a situação vivencial de Davi que está em 1 Sm.21.10-15; 1 Sm.22.1 e esclarece a razão porque Davi estava com medo.
10 Levantou-se Davi, naquele dia, e fugiu de diante de Saul, e foi a Aquis, rei de Gate. 11 Porém os servos de Aquis lhe disseram: Este não é Davi, o rei da sua terra? Não é a este que se cantava nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares? 12 Davi guardou estas palavras, considerando-as consigo mesmo, e teve muito medo de Aquis, rei de Gate. 13 Pelo que se contrafez diante deles, em cujas mãos se fingia doido, esgravatava nos postigos das portas e deixava correr saliva pela barba. 14 Então, disse Aquis aos seus servos: Bem vedes que este homem está louco; por que mo trouxestes a mim? 15 Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis este para fazer doidices diante de mim? Há de entrar este na minha casa? 1 Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele.
Observe que Davi já estava com medo; e de forma recorrente, fica com mais medo ainda, no momento em que percebe que poderia ser assassinado em Gate, cidade dos filisteus.
Diante de tais circunstâncias, só existem três caminhos: Ou fica louco e anda como andarilho nas portas e praças; ou se esconde numa caverna semelhante a de Adulão e entra em depressão; ou fortalece sua confiança em Deus pela adoração de sua Palavra e invocação de seu poderoso nome. Davi, portanto, escolheu a última delas.

ANÁLISE

    Agora vamos interpretar o Salmo 56 por meio de uma tradução livre e ver o que ele tem a ensinar:
1 Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque procura ferir-me o homem; e me oprime pelejando todo o dia. 2 Querem ferir-me os que me apertam como inimigo todo dia; e são muitos os que altivamente me combatem. 3 No dia que eu temer, hei de confiar em ti. 4 Em Deus, eu louvo sua palavra, Em Deus está a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o carnal? 5 Todo o dia as minhas palavras eles torcem; contra mim são todos os seus pensamentos para o mal. 6 Ajuntam-se, escondem-se, espionam os meus passos, como aguardando a hora de darem cabo da minha alma. 7 Dá-lhes a retribuição segundo a sua iniqüidade. Na tua ira, derriba os povos, ó Deus!
8 Escreveste (contar) os meus passos...; recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas (inscritas) no teu livro? 9 Então tornarão para trás os meus inimigos no dia em que eu te invocar; isto eu sei: que Deus é por mim. 10 Em Deus, eu louvo a palavra, em Yahwéh, eu louvo a palavra, 11 Em Deus está a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem? 12 Os votos que fiz, eu os manterei, ó Deus; render-te-ei ações de graças (ofertas pacíficas de gratidão). 13 Pois livraste minha alma da morte, sim, livraste os meus pés da minha queda, para que eu ande junto na presença de Deus, na luz da vida.
    O que se deve compreender é que esse texto em hebraico reflete uma linguagem poética, que se dá por “paralelismo de membros” daí, a repetição para demonstrar intensidade de sentimentos. Portanto, observe algumas repetições dadas de forma intencional.
    Ó Deus, ou em Deus” que representa invocação! repetido nove vezes no salmo e indica que o salmista constantemente clamava a Deus. “Todo o dia ou no dia”, repetido por quatro vezes, representa os conflitos diários daquele que está em tribulação espiritual e emocional. Assim, a pessoa em conflito deve diariamente enfrentar suas batalhas emocionais. A ameaça dos “inimigos” filisteus, descrita no salmo por cinco vezes, de várias formas, causavam angústia, aflição e aperto.
“O medo ou temor” é descrito por três vezes e revela o supra sentimento do “medo da morte” que jaz profundo no âmago da questão, era velado e agora manifesto por meio das constantes ameaças provocados pela angústia, aflição e aperto.

CARACTERÍSTICAS SOBRE O MEDO

Davi tinha medo de ser machucado tanto emocionalmente quanto de forma física (v.2). Davi tinha medo que a arrogância dos homens maus pudesse prejudicá-lo (v.2). Davi tinha medo acerca de como os outros pensavam a respeito dele e de como isso podia dar má reputação (v.5). Davi tinha medo da perseguição (v.6). Davi tinha medo da injustiça dos malfeitores (v.7). Davi tinha medo de cair na vida e desgraça (v.13) e por isso temia a morte (v.13).
Existe em cada pessoa um mecanismo de defesa, que é acionado toda vez que ela se sente ameaçada no quesito da sua sobrevivência e isso provoca medo.
DESCRIÇÃO DE MEDOS:
Medo de haver confronto, a exemplo das censuras que podem produzir nas pessoas uma reação de auto-justificação e não de arrependimento que repercute no medo de não ser aceito.
Da mesma forma, a quebra de planejamentos e a sensação de ameaça quando tudo começa ou parece dar errado e provoca ameaça a sensação de segurança e planejamento que proporciona medo das situações se descontrolarem gerando  sentimento de frustração e inutilidade derivada pela crise de desvalia.
Aliado a isso, pode-se constatar o medo causado pelas preocupações financeiras que trazem ameaça a tranquilidade, as quais geram irritação, principalmente quando são descobertas de surpresa, ou são tomadas de surpresa em qualquer situação conflitante. Tais provocam mais medo pelo excesso de demanda de problemas que gera uma responsabilidade salvífica e torna a pessoa ainda mais controladora, pois essa tem medo da perda. Esse medo provoca saudosismo e apego às tradições como oposto a evitar situações inovadoras que pode levar a perda do controle.
Tais repetições dessas questões acima corroboradas com velhos medos que não foram devidamente curados ou proporciona mais traumas e provoca hipersensibilidade no mecanismos de defesa do indivíduo.
No entanto devemos pensar da seguinte forma:
Por que a preocupação e o medo com essas coisas? Isso tem a ver com sentimento de falta de aceitação ou insegurança, medo de perder algo importante que pode me fazer falta, dificuldade em lidar com a perda, medo das coisas saírem do controle e prejudicarem, assim geram nervosismo e ansiedade.

TIPOS DE MEDO.

Temores internos, nervosismo, estresse, aspectos do susto, o estar ou andar assustado, pavor, tribulação, perturbação, agitação... Podem ser derivados das questões do medo não resolvido de forma adequada.
Sendo assim, urge fazer um mapeamento desses medos, isto é, há que identificar as raízes do medo e suas origens para que se estabeleça uma estratégia de enfrentamento dos medos e suas mazelas.

APLICAÇÃO PASTORAL

Contudo, a resposta para esses conflitos se encontra na restauradora sentença afirmativa de Davi: “Em Deus, eu louvo a palavra, em Yahwéh, eu louvo a palavra, Em Deus está a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem?” Essa sentença foi repetida de forma enfática como um remédio para os conflitos interpessoais e interiores.   
E de fato assim o é; pois, essa sentença afirmativa é profundamente esclarecedora e revigorante! Vamos desfrutá-la com mais intensidade.
Em Deus, eu louvo a palavra…” Existe duas expressões significativas: O louvor que liberta e cura as feridas e conflitos da alma e a Palavra que tem poder de restauração.

O LOUVOR QUE LIBERTA.

Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. Tiago 5:13
31 Porque com a voz do SENHOR será apavorada a Assíria, quando ele a fere com a vara. 32 Cada pancada castigadora, com a vara, que o SENHOR lhe der, será ao som de tamboris e harpas; e combaterá vibrando golpes contra eles. Is.30.31,32.
    Sim, quando se louva a Deus, tal pessoa expele seus males, como afirma o ditado: “Quem canta os males espanta!”

O RECITAR A PALAVRA.

    Doutra sorte, a confissão da Palavra de Deus é poderosa ferramenta para expulsar o medo e os conflitos emocionais. Observe isso:
Prostrar-me-ei para o teu santo templo e louvarei o teu nome, por causa da tua misericórdia e da tua verdade, pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra. Salmos 138:2
A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra… A minha alma, de tristeza, verte lágrimas; fortalece-me segundo a tua palavra… O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica. Salmos 119:25,28,50.
Assim, imagine o poder restaurador que há quando se confessa a Palavra de Deus na forma de declarações, pronunciamento, decretos e profecia!

A INVOCAÇÃO DO NOME DE DEUS.

Em Deus, eu louvo a palavra, em Yahwéh, eu louvo a palavra…”
    Davi obteve vitória porque aprendeu de forma triunfante a utilizar o louvor, a Palavra e o Nome de Deus serve como antídoto para enfrentar os problemas.
Prostrar-me-ei para o teu santo templo e louvarei o teu nome, por causa da tua misericórdia e da tua verdade, pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra. Salmos 138:2
Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu nome, porque tu, SENHOR, não desamparas os que te buscam. Sl.9.10.
Agora, pense se você juntar as três ações: “o louvor”, “a Palavra” e o “Nome de Deus” em concordância para a cura da alma e extração do medo! Foi isso que Davi fez.   
Rendei graças ao SENHOR, invocai o seu nome, fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. Buscai o SENHOR e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença. Sl.105.1-4.
Graças te rendemos, Ó Deus; graças te rendemos, e invocamos o teu nome, e declaramos as tuas maravilhas. Sl.75.1
Comece agora, a louvar e confessar a Palavra de Deus e a utilizar o nome de Jesus com poder a fim de refutar tudo o que te ameaça!

ONDE DEPOSITAMOS NOSSA CONFIANÇA.

Em Deus está a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem?”

MEDITAR NA CONFIANÇA:

A maioria das questões da falta de confiança em Deus é proveniente dos sentimentos vindo de ações que proporcionam medo e ameaça! Por causa disso, deve-se confiar em Deus e despeito das ameaças, manter paz e tranquilidade. Cada pessoa que está madura em Deus deve-se manter calmo e confiante e não se deixar abalar pelo medo.
Agora, sugiro que medite: Onde está a sua confiança? Antes que você responda, permita te informar que suas atitudes e comportamentos já responderam o quanto você é confiante através a  manifestação de sua tranquilidade, calma e assertividade; ou através de seu nervosismo, ansiedade e frustração!

ORAÇÃO:

Deve-se orar e repreender esses medos e temores no entendimento que não é por  capacidade ou força pessoal que a pessoa vence esses conflitos; mas através da graça e favor de Deus.

AMOR PATERNAL DE DEUS:

Sua confiança deve estar alicerçada na Paternidade Divina e em seu amor por ti!
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Rm 8:14-17.
Entender como o perfeito amor lança fora todo medo. Pelo amor que você tem por Jesus, e seu recíproco amor por ti; assim você deve sentir e ter confiança que ele cuidará de todas as ameaças. Isso deve ser em tal intensidade que produza gratidão pelo seu cuidado.

CONCLUSÃO

Davi muito se angustiou, pois o povo falava de apedrejá-lo, porque todos estavam em amargura, cada um por causa de seus filhos e de suas filhas; porém Davi se reanimou no SENHOR, seu Deus. 1Sm 30:5,6
Da mesma forma com que Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus, assim você deve se reanimar nEle e buscar seu refúgio e esperança.
3 Em me vindo o temor, hei de confiar em ti. 4 Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal? 10 Em Deus, cuja palavra eu louvo, no SENHOR, cuja palavra eu louvo, 11 neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem? 12 Os votos que fiz, eu os manterei, ó Deus; render-te-ei ações de graças… Sl.56.3,4,10-12.

APELO

    Quantos querem reafirmar sua confiança em Deus e refutar o medo?