7 de jul. de 2013

ACELDAMA

18  (Ora, este homem adquiriu um campo com o preço da iniqüidade; e, precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram; 19  e isto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, de maneira que em sua própria língua esse campo era chamado Aceldama, isto é, Campo de Sangue.) At.1.18,19.
OBJETIVO.
O sermão com título Aceldama visa tratar sobre os aspectos perfeitos da obra da Cruz e seus benefícios para a humanidade, bem como através do preço de Jesus evidenciamos que sua morte foi o método de Deus lidar com as consequências espirituais da morte.
INTRODUÇÃO.
O enredo desta homilia começa no momento em que Jesus lida com a ganância de Judas. Ora, ocorreu um episódio interessante na semana que Jesus estava para ser entregue; pois, uma mulher derramara bálsamo sobre a cabeça de Jesus, e isto manifestou as ambições de Judas cuja influencia trouxe desavença no pensamento dos discípulos.
Tudo começou mediante a simulação de Judas que por interesse econômico argumentou que determinado valor do bálsamo poderia ser distribuído aos pobres. Tal manipulação persuadiu os demais discípulos que anuíram ao argumento de Judas. Mas, Jesus foi taxativo em sua argumentação, o qual deflagrou as intenções demoníacas dos propósitos de Judas.
2  Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. 3  Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo. 4  Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: 5  Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? 6  Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava. 7  Jesus, entretanto, disse: Deixa-a! Que ela guarde isto para o dia em que me embalsamarem; 8  porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes. Jo.12.2-8.
3  Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. 4  Indignaram-se alguns entre si e diziam: Para que este desperdício de bálsamo? 5  Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários e dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela. 6  Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo. 7  Porque os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes. 8  Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura. Mc.14.3-8.
6 Ora, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, 7  aproximou-se dele uma mulher, trazendo um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou sobre a cabeça, estando ele à mesa. 8  Vendo isto, indignaram-se os discípulos e disseram: Para que este desperdício? 9  Pois este perfume podia ser vendido por muito dinheiro e dar-se aos pobres. 10  Mas Jesus, sabendo disto, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? Ela praticou boa ação para comigo. 11  Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes; 12  pois, derramando este perfume sobre o meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento. Mt.26.6-12.
Após este episódio, Judas ressentido, percebeu que não teriam mais êxito seus intentos; assim toma a resolução de lucrar mais por meio da traição de Jesus.
3  Ora, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze. 4  Este foi entender-se com os principais sacerdotes e os capitães sobre como lhes entregaria a Jesus; 5  então, eles se alegraram e combinaram em lhe dar dinheiro. 6  Judas concordou e buscava uma boa ocasião de lho entregar sem tumulto. Lc.22.3-6.
14 Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes, propôs: 15  Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata. 16  E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar. Mt.26.14-16.
Outro fator importante é que Judas consentiu em vender Jesus por trinta moedas de prata. O curioso nesta situação é que trinta moedas de prata equivaliam ao preço de um escravo simples, além disso, a Palavra de Deus afirma que este valor seria o preço do qual o Messias seria vendido.
Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta moedas de prata. 13  Então, o SENHOR me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do SENHOR. Zc.11.12,13.
Se o boi chifrar um escravo ou uma escrava, dar-se-ão trinta siclos de prata ao senhor destes, e o boi será apedrejado. Êxodo 21:32 

Fato é que ao avaliar Jesus por trinta moedas de prata, tais sacerdotes em sua atitude de menosprezo pelo filho de Deus não imaginavam que cumpririam as Sagradas Escrituras ditas cerca de 450 anos antes. Tal desprezo é evidenciado na Palavra de Deus, no livro de Zacarias, onde o próprio Deus ironiza afirmando ser "magnífico preço" estabelecido por ele cujo valor foi dado à casa do oleiro; daí então ter comprado do oleiro o Aceldama.

Da mesma forma, a ganância de Judas somada à amargura gerada pela repreensão de Jesus fez com que ele não percebesse que estava depreciando o valor do filho de Deus dando o menor preço estabelecido pela Lei para um ser humano.

A TRAIÇÃO DE JUDAS.
A ocasião para entregar Jesus ocorreu no momento após o jantar, antes da Santa Ceia, quando Jesus indica o traidor e fala para Judas cumprir com seus intentos.
21  E, enquanto comiam, declarou Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. 22  E eles, muitíssimo contristados, começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor? 23  E ele respondeu: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá. 24  O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido! 25  Então, Judas, que o traía, perguntou: Acaso, sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste. Mt.26.21-25.
João 13:2  Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, João 13:26  Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
Todavia, a consumação da traição ocorre quando horas após Judas conduz a guarda de Caifás para prenderem Jesus no Horto das Oliveiras e o delata com um beijo.
47 Falava ele ainda, e eis que chegou Judas, um dos doze, e, com ele, grande turba com espadas e porretes, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. 48  Ora, o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o. 49  E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Salve, Mestre! E o beijou. Mt.26.47-49.
47  Falava ele ainda, quando chegou uma multidão; e um dos doze, o chamado Judas, que vinha à frente deles, aproximou-se de Jesus para o beijar. 48  Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? Lucas 22:47,48

ANÁLISE.
Perceba como o diabo é astuto. Pois, após ter usado Judas através de sua ganância, ele agora deixa Judas com remorso.
1 Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem; 2  e, amarrando-o, levaram-no e o entregaram ao governador Pilatos. 3  Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: 4  Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. 5  Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se. Mt.27.1-5.
Judas volta aos sacerdotes para recusar aquele dinheiro. Todavia, Judas não possuiu o verdadeiro arrependimento no sentido de voltar a Jesus e pedir perdão por todos os seus crimes preferindo então o seu próprio enforcamento, o qual, conforme texto áureo: “rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”. At.1.18.
6  E os principais sacerdotes, tomando as moedas, disseram: Não é lícito deitá-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue. 7  E, tendo deliberado, compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério de forasteiros. 8  Por isso, aquele campo tem sido chamado, até ao dia de hoje, Campo de Sangue. 9  Então, se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; 10  e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor. Mt.27.6-10.
Tal é foi a cegueira espiritual e religiosidade daqueles pérfidos sacerdotes que reconheceram que aquele dinheiro foi um dinheiro iníquo, portanto, não poderia ser colocado no local das ofertas. Mas, os mesmos sacerdotes não enxergaram que eles próprios foram os ocasionadores daquela iniquidade que, portanto, suas próprias atitudes os condenavam serem merecedores do inferno.
            Assim usaram as trinta moedas de prata para comprarem um campo de oleiro que ficava na região mais baixa e ao extremo sul de Jerusalém, um local ao fundo do vale de Hinon, figurado como Geena ou inferno, lugar de punição eterna.
CARACTERÍSTICAS.
A Cidade Velha de Jerusalém possui uma elevação de aproximadamente 760 metros constituída de montes e cercada por vales. Existem três vales que se unem em uma área ao extremo sul e ao fundo da cidade antiga de Jerusalém: Cedron, Tyropeon e Hinon.  
O Vale do Cedron está ao leste da Cidade Velha e corre para o sul e separa o Monte das Oliveiras e a cidade propriamente dita.
O Vale de Tyropoeon começa na região noroeste próximo ao Portão de Damasco,  dirige-se ao sudoeste através do centro da Cidade Velha para baixo do Tanque de Siloé, cuja parte inferior dividide duas colinas, o Monte do Templo no leste, e o resto da cidade no oeste (as partes alta e baixa da cidade descrita por Flávio Josefo).
Ao sudoeste e ao longo do lado sul da antiga Jerusalém está o Vale de Hinon, uma ravina íngreme associada com  com o conceito de inferno ou Geena (Jeremias 19.2,6).




DEFINIÇÕES.
Porque Geena figurava o inferno?
No ponto de convergência de Hinon com os vales do Tiropeom e do Cedron, existe uma área mais larga, onde se localizava o Tofete (O nome do lugar era Tofete, e assim chamavam porque eles dançavam e tocavam pandeiros [hebr.: tuppím] por ocasião da adoração onde eles faziam seus filhos passarem pelo fogo a Moloque. Eles tocavam padeiros para que o pai não escutasse os gritos do filho quando o estivessem fazendo passar pelo fogo, e seu coração não ficasse agitado e ele o tirasse da mão deles) 2 Reis 23.10. 2 Crónicas 33.1, 6, 9.
Com o tempo, o vale de Hinom tornou-se o depósito e incinerador do lixo de Jerusalém, aos quais se acrescentava enxofre para ajudar na queima.
O vale é bastante estreito e fundo, com muitas câmaras sepulcrais nos socalcos dos seus penhascos. Lançavam-se ali tanto cadáveres de animais para serem consumidos pelos fogos quantos cadáveres de criminosos executados, considerados não merecedores dum sepultamento decente num túmulo memorial.
6  Por isso, eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que este lugar já não se chamará Tofete, nem vale do filho de Hinom, mas o vale da Matança.7  Porque dissiparei o conselho de Judá e de Jerusalém neste lugar e os farei cair à espada diante de seus inimigos e pela mão dos que procuram tirar-lhes a vida; e darei o seu cadáver por pasto às aves dos céus e aos animais da terra...10 Então, quebrarás a botija à vista dos homens que foram contigo 11  e lhes dirás: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Deste modo quebrarei eu este povo e esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, que não pode mais refazer-se, e os enterrarão em Tofete, porque não haverá outro lugar para os enterrar. 12  Assim farei a este lugar, diz o SENHOR, e aos seus moradores; e farei desta cidade um Tofete. Jr.19.6,7,10-12.
Quando esses cadáveres caíam no fogo, então eram consumidos por ele, mas, quando os cadáveres caíam sobre uma saliência da ravina funda, sua carne em putrefação ficava infestada de vermes, ou gusanos, que não morriam até terem consumido as partes carnais, deixando somente os esqueletos.
42  Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar. 43  E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 44  [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]  45  Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno. 46  [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.] 47  Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno. 48  onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga. Mc.9.42-48.

Porém, ao extremo sul do vale, perto da sua extremidade oriental, encontra-se o lugar tradicional de Aceldama, o "Campo de Sangue", o campo do oleiro comprado com as 30 moedas de prata de Judas. (Mateus 27.3-10; Atos 1.18, 19).
APLICAÇÃO.
O inusitado é que Judas em sua ganância e mediocridade de pensamento não soube valorizar a unção de embalsamento, assim desprestigiou o corpo de Jesus preferindo trocá-lo por um péssimo negócio resultando num medíocre campo no pior terreno de Jerusalém.

Ou seja, além de Judas ser ladrão e traidor era também um homem com mentalidade miseravelmente medíocre e péssimo negociante.

Não é por acaso que seu lugar se situava no mais profundo do Geena, ou seja, inferno. Evidenciando geograficamente aquilo que se constata no espiritual.

Assim não devemos permitir que a ganância e religiosidade  gere incoerência tal que percamos o valor da unção por um preço fundamentado em uma mentalidade de pobreza e mediocridade.

Todavia, ainda que Judas não valorizasse o corpo de Cristo; Cristo valorizou seu corpo proporcionando pelo seu preço um local para sepultamento de todos aqueles que estavam no Geena. Pois, seu preço serviu para comprar um sepultamento digno para aqueles que seriam lançados a esmo no inferno.

7  E, tendo deliberado, compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério de forasteiros. 8  Por isso, aquele campo tem sido chamado, até ao dia de hoje, Campo de Sangue. Mt.27.7,8.
CONCLUSÃO.
            Logo, pelo preço do sangue de Jesus, todos aqueles que estavam destinados a serem queimados pelo fogo e enxofre no vale de Hinon, agora podiam ser dignamente sepultados. Assim, interpretando de forma espiritual, aqueles que aceitam a Jesus como seu Senhor e salvador pessoal podem ser salvos das profundezas, das chamas do inferno e do lugar de eterna punição para receberem a vida eterna que provem dEle.
            A unção que aquela mulher derramou preparou um lugar de descanso para todos que estavam forasteiros e agora são cidadãos dos céus.
            Aleluia! Agradecemos a Deus porque não temos uma mentalidade de pobreza e mediocridade que destinou Judas ao mais profundo do inferno; mas sabemos valorizar a unção que nos proporciona um local de descanso.
APELO.
Assim, peço a todos quantos querem receber a Cristo e ter um local de descanso que tomem uma decisão agora de recebê-lo como seu Senhor e Salvador pessoal!