“9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; 13 e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!” Mt.6.9-13.
OBJETIVO.
Venho tratar neste sermão sobre a oração estabelecida através do modelo, no qual, Jesus entendia e se comportava.
INTRODUÇÃO.
Penso que o modelo mais apropriado para estabelecermos como forma de vida de oração se encontra no exemplo em como Jesus entendia e fazia como culto de oração a Deus.
Sem dúvida, Jesus é o melhor exemplo de alguém que possuía uma vida de oração eficaz. Portanto, nós vamos observar alguns fatores nas orações utilizadas por Jesus em seus exemplos e ensinamentos. Vamos permitir que Jesus nos ensine a orar bem!
1 De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos. 2 Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; 3 o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve; e não nos deixes cair em tentação. Lc.11.1-4.
Que esta venha ser nossa petição nesse dia!
DEFINIÇÕES.
Primeiro passo nesse entendimento é descobrir “o que é oração para Jesus”? Segundo a compreensão de Jesus, qual é “a verdadeira finalidade da oração”?
Ao repararmos os textos que ele comenta sobre oração, observamos que a trata para muitas finalidades. Sobretudo a mais importante é que “oração é uma forma íntima de se comunicar com o Pai”.
Sobre esse aspecto todos os outros propósitos da oração visa fortalecer esse primeiro! Isto é, a oração visa estreitar nossa relação de comunhão, fidelidade, experiência e compromisso com Deus e qualquer coisa que seja utilizada a oração deve cumprir com essa finalidade elementar.
ANÁLISE E CARACTERÍSTICAS.
A questão é que existem muitos propósitos para oração, as vezes, executamos esses propósitos secundários e desviamos da principal função da oração que é aproximar laços de relacionamento com o Pai.
Sobre esse aspecto, Jesus critica severamente esses comportamentos errados em relação ao propósito original da oração. Observe:
“5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. 6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. 8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”. Mt.6.5-8.
CLASSIFICAÇÃO.
Mas por que nos desviamos do principal propósito da oração? E o que nos leva a desviar nossa atenção disso?
Observe o contexto no qual Jesus passou a ensinar sobre oração:
- Os homens procuram recompensa nas orações, numa espécie de “toma lá da cá” para com Deus. Mt.6.5. (Deus não aceita barganhas espirituais em troca de oração).
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores. Mateus 21:13.
- Os homens oram para se auto afirmarem em sua espiritualidade. Mt.6.5.
10 Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. 11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; 12 jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. 13 O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! 14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. Lc.18.10-14.
O propósito da busca pela unção.
- Os homens repetem suas orações porque pensam que estão dobrando a vontade de Deus aos moldes de suas vontades. Mt.6.7.
24 Daí retribuir-me o SENHOR, segundo a minha justiça, conforme a pureza das minhas mãos, na sua presença. 25 Para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro. 26 Com o puro, puro te mostras; com o perverso, inflexível. 27 Porque tu salvas o povo humilde, mas os olhos altivos, tu os abates. Sl.18.24-27.
A oração não muda Deus, mas tem poder para gerar mudança em nossos corações.
36 Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; 37 e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. 38 Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. 39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. 40 E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. 43 E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. 44 Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45 Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. 46 Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima. Mateus 26.36-46.
- Os homens oram para atenuar suas ansiedades. Fp.4.6,7.
A princípio a ansiedade não é em si um problema, observe que Jesus buscou Deus na sua angústia; o problema é quando essa ansiedade se torna crônica ou doentia podendo afetar a forma como oramos a Deus.
Observe como “a ansiedade” é tema central do argumento de Jesus quando Ele ensina sobre a oração:
25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 26 Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 28 E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. Mt.6.25-34.
Assim, através das ansiedades e vãs repetições, nós podemos definir alguns tipos de oração, cuja motivação não agrada a Deus. Mt.6.7.
- Os desvios de atenção ao foco principal.
- Oração promovida por ansiedade e desespero. Mt.6.25.
- O problema da falta de aceitação (rejeição) na oração. Mt.6.25,26.
- A autocomiseração ou autopiedade na oração. Mt. 6.16.
- A questão do recebimento por mérito e esforço (justiça própria) na oração. Mt. 6.28.
- O medo de não sermos atendidos que provoca incredulidade. Mt.6.30.
- A indução da compulsividade na oração. Mt.6.7 (síndrome do botão de elevador).
- A indução da mania na oração. Mt.6.7.
“Deus não age em nosso desespero, mas em nossa confiança. Quando você começa a confiar, Deus começa a agir!”
PASSOS PARA ASSIMILAR ESSE CONHECIMENTO.
Uma premissa verdadeira:
“Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”. Mt.6.8.
“Ora, se Deus já sabe de antemão o que necessitamos; então, por que o pedimos?”
porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2.13
Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, Efésios. 3.20.
Deus, em sua presciência, permite que peçamos a Ele não porque ele desconheça o caso; mas, para fazer disso razão ou pretexto para buscar sua presença. Lembra-se do pão cotidiano: Ora porque devemos pedir o pão de cada dia, se bastasse pedir o pão semanal… Porque isso atrai comunhão!
Quanto ao aspecto da importunação:
1 De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos. 2 Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; 3 o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve; e não nos deixes cair em tentação.
5 Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vós, tendo um amigo, e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, 6 pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. 7 E o outro lhe responda lá de dentro, dizendo: Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar; 8 digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade.
9 Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. 11 Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? 12 Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? 13 Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? Lc.11.1-13.
Observe o contexto e reconhecerá que Deus atende orações por ser amigo, não por ser importunado!
Quando importunamos alguém, em outras palavras estamos afirmando que: Tal pessoa não é competente para fazer aquilo que foi pedido! Ou, talvez não acreditamos que ela seja capaz de fazer aquilo; Ou queremos dobrar a vontade dessa pessoa por incomodação e molestamento. Agora, se uma pessoa começa a importunar alguém, corre o risco do mesmo deixar de ser seu amigo. Pois, ninguém gosta de ser importunado, quanto mais Deus!
A importunação no sentido de dobrar a vontade de Deus, não é outra coisa, senão, insujeição a soberania divina.
Observe outro texto sobre importunação:
1 Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer: 2 Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. 3 Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário. 4 Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; 5 todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. 6 Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. 7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? 8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? Lc.18.1-8.
Note que esse juiz iníquo não pode ser comparado com Deus, isso porque Deus não pode ser iníquo. Logo a questão aqui não é de comparação, mas no tocante ao fazer justiça.
Observe que a ação de Deus é no tocante a iniquidade que os outros praticam contra nós, assim a ênfase à oração, não é para mudar Deus, mas para mudar aquele outro que praticou iniquidade contra nós. A Bíblia diz que “depressa” Deus faz justiça! Existem questões onde por fatores externos ou do livre arbítrio de outras pessoas, nas quais, justiça pode demorar a ser trabalhada. Contudo, Jesus afirma que a demora pode gerar esmorecimento na fé (v.18). Logo essa oração não pode ser promovida em ansiedade, mas em fé.
APLICAÇÃO.
Como deve ser uma oração:
“9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; 13 e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!” Mt.6.9-13.
- A oração deve ser de rendição e entrega. (Adoração).
41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. Mt. 26.41,42.
- Oração deve ser para revelar a intimidade e segredos. Mt. 6.6.
E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só. Mateus 14:23
- Oração deve ser para abrirmos nossos corações em fé.
Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. Marcos 11.24
- Ora, se a oração serve para estreitarmos nossa comunhão com Deus, logo, quanto mais oramos, mais sentimos vontade de orar.
Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. Lucas 6.12
Se você sente dificuldade para orar é porque a oração para você ainda é um dever e não um prazer!
O esfriamento na oração pode vir de várias maneiras. Pode vir quando a pessoa deixa de orar por amor ou prazer de estar na presença de Deus e começa a orar por uma questão de responsabilidade e aparência espiritual; depois ele começa a orar num estágio mais de compromisso do que por amor; depois vem o estágio do dever; e, por fim, o faz por obrigação; assim essa oração produz mais religiosidade do que vida com Deus!
Oração sem amor é religiosidade!
Ora quando a pessoa chega no estágio da oração por obrigação; tal pessoa necessita procurar saber o que levou a perder o prazer de estar na presença de Deus e voltar a prática do primeiro amor. Ap 3.1ss
CONCLUSÃO.
O intuito desse sermão não é ser uma crítica a formas de oração, mas conduzí-los ao propósito original da oração que é o aumento da comunhão e do amor a Deus. Porque se você ama alguém então você vai querer estar sempre com Ele.