Textos Referentes: Mc. 5.27-34. Compare
Mc. 6.54-56.
“27
tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão,
tocou-lhe a veste. 28 Porque, dizia: Se
eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. 29 E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu
no corpo estar curada do seu flagelo. 30
Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no
meio da multidão, perguntou: Quem me tocou nas vestes? 31 Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a
multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? 32
Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. 33 Então, a mulher, atemorizada e tremendo,
cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe
toda a verdade. 34 E ele lhe disse: Filha,
a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.” Mc.5.27-34.
“53 Estando já no outro lado, chegaram a terra,
em Genesaré, onde aportaram. 54 Saindo
eles do barco, logo o povo reconheceu Jesus; 55
e, percorrendo toda aquela região, traziam em leitos os enfermos, para
onde ouviam que ele estava. 56 Onde quer
que ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças,
rogando-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a
tocavam saíam curados.” Mc.6.54-56.
OBJETIVO.
O presente sermão aborda sobre os
aspectos sociais da: imitação, a imitação no sentido religioso e dos fatores
valorosos da imitação de comportamentos sadios na fé.
INTRODUÇÃO.
Começo o sermão com a seguinte pergunta: “É
correto às pessoas imitarem uma as outras na fé”?
Faz parte da natureza humana a habilidade de copiar ou imitar uns aos
outros. Pessoas têm
imitado pessoas desde que existe humanidade.
Existem fatores sociológicos inerentes ao
ser humano na arte da imitação desde a infância quando por associação aprende a
imitar seus pais até sua velhice. Ou seja, a criança aprende a imitar os pais e
durante a sua vida não para de imitar os outros até o final de sua vida.
O ser humano é um ser que busca adaptação, aprendizado, identificação,
autoafirmação, destaque e desenvolvimento através da imitação de outros
modelos. E
quando não há modelos criamos referenciais para que possam ser copiados.
Desta forma, faço outra pergunta: Se o ato
de imitar é inerente ao ser humano, então, “quais áreas da imitação são boas ou
prejudiciais”?
DEFINIÇÕES.
O mercado de consumo quando detém este
conhecimento acerca da natureza social da imitação humana aproveita-o para
explorar e adquirir o maior lucro possível.
Cria-se de forma meticulosa e estratégica determinados
modelos e parâmetros de comportamentos na expectativa de que pessoas “inseguras
de si” venham adotar estes parâmetros e desta forma lucrar o máximo com isso e
com eles. Trata-se do mercado explorando esta característica psíquica para lucro
de suas empresas.
Na verdade, muito deste fator chamado “imitação”
reside no sentimento de insegurança que as pessoas têm de si mesmas e da
necessidade de imitar alguém renomado ou importante para se sentirem seguras ou
aceitas na sociedade. Daí a razão de muita imitação na sociedade em inúmeros
campos sociais.
Tal condição de insegurança e imitação é
inerente à humanidade por isso sempre haverá pessoas que lucrarão e utilizarão
deste conhecimento para manipular as massas a seus interesses. Fator que não se
pode anular.
ANÁLISE E
CARACTERÍSTICAS.
Indago novamente: “Será que a imitação
ocorre somente no secular e não no meio evangélico”? Isto ocorre tanto no meio
secular quanto no evangélico. Vejamos alguns exemplos:
·
Corte de cabelo de algum esportista ou cantor. Basta uma pessoa renomada por suas
habilidades atléticas ou artísticas lançar uma tendência esdrúxula que no outro
dia aparecerá uma multidão de jovens inseguros tentando se auto afirmarem
através daquela esquisitice.
Desta forma, o povo comenta: “O fulaninho
quer se aparecer!” Não é bem assim. Tal fulaninho, de fato, tem tentado se auto
afirmar. Esta situação torna se tão estranha e tão caricaturada que passa ser
cômica! Para não dizer patética. Por isso vemos vários humoristas ganhando
fortunas através da imitação de pessoas estranhas, engraçadas ou famosas.
Quando a imitação se torna viral!
Ao mesmo tempo cria se um padrão social
através de uma imitação. Cria se também grupos sociais que se identificam com
aquele comportamento gerando tribos de comportamento.
·
Tribos urbanas identificadas por estilo musical ou filosófico: podemos observar os jovens “punks, emos e
etc”. Bem como as tribos ligadas a um esporte específico ou modalidade: “surfistas,
skatistas, motoqueiros e outros”.
Assim, encontramos igrejas para todos os
tipos de gostos e estilos. Todavia, antes de tomarmos algum posicionamento
precipitado, continuemos seguindo o raciocínio.
CLASSIFICAÇÃO.
Isto é tão primário, tão elementar na
natureza humana e seus comportamentos que pode ser também assimilada nas
questões relativas à fé ou religião. Ou seja, os crentes se adaptam, aprendem, se identificam, se auto afirmam, se
destacam e se desenvolvem através da imitação espiritual e de seus estilos.
Indago outra vez: “Será que existem estilos
evangélicos”?
Por isso podemos ver pessoas que imitam
estilos evangélicos ou renomadas pessoas neste meio da fé:
·
Pregadores estilo pentecostal
tradicional: O “assembleiano”
é uma tribo social ou religiosa com suas características típicas e inerentes
com seu próprio comportamento, sua natureza e seu modo de ser e cultuar a Deus,
distinto de qualquer outro segmento religioso que os elevou a uma categoria
peculiar no meio religioso. Assim temos pregadores oriundos desta corrente
religiosa que vai desde o precursor de um estilo como Geziel Gomes, passa por
Napoleão Falcão até chegar hoje em Marcos Feliciano e Silas Malafaia.
·
Pregadores estilo
neopentecostal: Oriundos de uma influência de Benny Him, mesclados a um sotaque carioca oriundo
de São Gonçalo, semelhante ao Bispo Edir Macedo que culmina numa categoria
específica de pregação e forma de culto. As mulheres, por vez, tornam a voz
rouca semelhante a Bispa Sonia Hernandes tipificando a influência do movimento.
·
Pregadores com estilo semelhante ao líder de seu
ministério: Muitos preferem adotar um estilo similar aquele utilizado
pelo seu líder ministerial. É possível que exista algo relacionado à unção
ministerial que gera um estilo peculiar inerente a ela naquele respectivo ministério.
Atenção: Com isto não venho fazer crítica ou depreciação, longe de nós a ideia de
desprestigiar aqueles que têm levado a diante a obra do Senhor! Apenas constato
uma realidade que pode ser tanto utilizada para aquilo que é bom quanto para
aquilo que é mal. Destarte, sobre o que é bom, nós podemos ver certos estilos
de imitação também na Bíblia.
“4 Foi, pois, o moço, o jovem profeta, a
Ramote-Gileade. 5 Entrando ele, eis que
os capitães do exército estavam assentados; ele disse: Capitão, tenho mensagem
que te dizer. Perguntou-lhe Jeú: A qual de todos nós? Respondeu-lhe ele: A ti,
capitão!... 11 Saindo Jeú aos servos de
seu senhor, disseram-lhe: Vai tudo bem? Por que veio a ti este louco? Ele lhes
respondeu: Bem conheceis esse homem e o seu falar.” 2 Rs.9.4-5,11. (Um estilo peculiar aos
profetas da escola de Eliseu)
“Ao
verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e
incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus.” Atos
4.13
Ora, se os discípulos imitavam o estilo de Jesus! Então chegamos ao
parecer que podemos imitar aquilo que é bom.
Portanto, vamos imitar aquilo que é Bom!
Nos versículos áureos de Mc. 5.27-34 em comparação com Mc. 6.54-56 observe o exemplo da mulher de fluxo
de sangue que pelo ato de fé em tocar nas vestes de Jesus e receber um milagre
despertou um modismo em fé e muitos que a imitaram foram igualmente curados.
Compare a
história de Bartimeu e como este foi influenciado por outros dois ou vice
versa?! (Muitos consideram que se trata do mesmo episódio; outros de dois
episódios distintos; mas, no mínimo, o segundo cego imitou a Bartimeu)
46
E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e
numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à
beira do caminho 47 e, ouvindo que era
Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais:
Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Mc.10.46-48.
29
Saindo eles de Jericó, uma grande multidão o acompanhava. 30 E eis que dois cegos, assentados à beira do
caminho, tendo ouvido que Jesus passava, clamaram: Senhor, Filho de Davi, tem
compaixão de nós! 31 Mas a multidão os
repreendia para que se calassem; eles, porém, gritavam cada vez mais: Senhor,
Filho de Davi, tem misericórdia de nós! Mt.20.29-31.
Vejamos um terceiro exemplo de boa imitação
espiritual. Maria, irmã de Marta e Lázaro e sua gratidão para com Jesus e sua
influência sobre a mulher pecadora com o vaso de alabastro. (No estudo de
harmonia dos Evangelhos alguns cogitam como se fosse o mesmo episódio outros
como episódios distintos em uma mesma cidade).
1 Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para
Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. 2 Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia,
sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. 3 Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de
nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus
cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo. Jo.12.1-3.
3
Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso,
veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de
nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de
Jesus. 4 Indignaram-se alguns entre si e
diziam: Para que este desperdício de bálsamo? 5
Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários e
dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela. 6
Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação
para comigo. 7 Porque os pobres, sempre
os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem
sempre me tendes. 8 Ela fez o que pôde:
antecipou-se a ungir-me para a sepultura. 9
Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será
também contado o que ela fez, para memória sua. Mc.13.3-9.
EXERCENDO
A IMITAÇÃO DE MODO SALUTAR
Tendo em
vista que a imitação faz parte da natureza humana e de seu comportamento social
primário, ou seja, não dá para mudar; assim, sempre existirão imitações na
sociedade.
A questão é: Por que não deveríamos
utilizá-la como ferramenta para o aprendizado daquilo que é bom? Pois é certo
que devemos utilizá-la naquilo que é bom e edificante. Observe a recomendação de
Paulo.
“Sede,
pois, imitadores de Deus, como filhos amados;” Efésios 5.1
“Sede meus imitadores, como também eu sou de
Cristo.” 1 Coríntios 11.1
“Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus
imitadores.” 1 Coríntios 4.16
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os
que andam segundo o modelo que tendes em nós.” Filipenses 3:17
“Com
efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra,
posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo,” 1 Ts 1.6
“Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes
imitadores das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque
também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles,
por sua vez, sofreram dos judeus,” 1 Ts 2.14
APLICAÇÃO.
Contudo, o
que isto tem a ver com identificação ministerial?
Nós
podemos sim imitar os ministros que tocam nossas vidas para aquilo que é bom e
de forma significativa. Pois, um homem de Deus só herda a unção e legado
daqueles líderes que ele mesmo admira. Logo, a admiração é um dos fatores que
promove a imitação para o bem.
Assim,
você deve imitar seus líderes, através do respeito, honra, lealdade e
admiração. Pois por estas virtudes outorga-se unção hereditária na fé!
“para
que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela
longanimidade, herdam as promessas”. Hebreus 6.12
UM
PARECER FINAL.
Estou
convicto que muitas pessoas escolhem sua conduta de vida cristã e até sua
congregação mais por um critério cultural, referencial, modelo, código similar
de comportamento e imitação ou modismo do que por uma direção do Espírito. Até
porque muitas delas não têm maturidade para ter direção espiritual para tal, pois
na ausência de uma orientação espiritual, a cultura assume esta função e
busca parâmetros para congregar por imitação como referência.
Mas, Deus
na sua multiforme sabedoria aproveita esta variação cultural para permitir
diversidade de igrejas; Talvez sejam os homens que criam igrejas a fim de
adaptar a fé a seus ditames culturais, em todo caso, tais pessoas são volúveis,
pois são guiadas pela volatilidade da alma subserviente a uma cultura com seus
modismos e imitações.
Além do mais sou defensor da ideia que a
igreja do futuro será capaz de assimilar e adequar a maior biodiversidade
cultural possível. Semelhante uma “POLIS”, a qual absorve todas as tribos
urbanas, etnias e modalidades culturais em suas microrregiões; assim a igreja,
como uma grande cidade ou metrópole deve agregar suas várias modalidades
étnicas e culturais destes segmentos.
Sobre este ponto recomendo o estudo:
“Cultura e Evangelho” – Pr. Marcus Garcia.
CONCLUSÃO.
“Lembrai-vos
dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando
atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.” Hebreus 13.7
Tendo em
vista que pessoas imitam pessoas; quero recomendá-los a imitar aqueles que
podem ser exemplos de fé e assim crescer com eles para melhor proveito do
Evangelho de Cristo e do Reino de Deus.
APELO.
Quantos gostariam de se tornar
imitadores de Cristo?
Quantos querem se tornar imitadores de homens de Deus que
mudaram a história?